quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Vultos da História e da Cultura Portuguesa

Vultos da História e da Cultura




Francisco Keil do Amaral (1910-1975)

Arquitecto, nascido em Lisboa, deixou marcas indeléveis na urbe. São projectos seus o Parque de Monsanto, o jardim do Campo Grande e o Parque Eduardo VII, três espaços verdes emblemáticos da cidade. Licenciado pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, em 1937, venceu o concurso para o pavilhão português da Exposição Mundial de Paris, com um projecto que significou uma ruptura com os padrões historicistas do gosto oficial da época. Como refere Alexandre Pomar, “as suas obras testemunham o seu interesse por ‘uma arquitectura progressiva e moderna, embora guardando das tradições a justa medida’, e não constituem um processo de cedências, mas a afirmação de uma posição esclarecida no questionamento da polaridade entre as raízes tradicionais e o internacionalismo da arquitectura”. Da sua autoria são também o edifício do Aeroporto de Lisboa, (inaugurado em 1943), e o Pavilhão da Feira Internacional de Lisboa (1956), actual Centro de Congressos de Lisboa, representado no selo. Mas o seu legado arquitectónico e urbanístico não se esgota na actividade desenvolvida na capital. O Instituto Pasteur no Porto, de 1935, o edifício da União Eléctrica Portuguesa, em Almada, as Escolas para a Fábrica Secil, em Outão, Setúbal, de 1938-1940, que considerava um exemplo do seu ”racionalismo sem dureza nem secura”, são outras das suas realizações significativas. Situado dentro da corrente modernista de meados do século XX, teve um papel de relevo como arquitecto e como crítico interveniente nos problemas e responsabilidades da sua profissão. Destacou-se também como divulgador, publicando inúmeros artigos, particularmente na revista Arquitectura (1947-1948), monografias e lançando as bases do Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa, iniciado em 1955. Publicou ainda diversas obras ¬ A Arquitectura e a Vida (1942), A Moderna Arquitectura Holandesa (1943) e O Problema da Habitação (1945). É apontado, por vezes, como o mais importante arquitecto lisboeta dos anos 40 e 50.



Alexandre Herculano (1810-1877)

Como historiador, Alexandre Herculano de Carvalho Araújo introduziu uma nova concepção da História, baseada mais no estudo das instituições do que no dos indivíduos. Foi o primeiro teorizador e introdutor do Romantismo em Portugal e iniciador do romance histórico português, com a publicação de O Bobo, em 1843, Eurico, o Presbítero, no ano seguinte, e O Monge de Cister, em 1848. Mas a sua obra de referência é a História de Portugal, editada entre 1846-1853, da qual só foram publicados quatro volumes e que é o ponto de partida para a investigação histórica, desde a origem da monarquia até D. Afonso III. É considerado também, pela sua obra polémica e doutrinal, o mais legítimo representante da teoria jurídica, económica e social do Liberalismo. Além de ter sido poeta, foi ainda, com Almeida Garrett, um reformador do teatro português. Nascido em Lisboa, Herculano revelou desde jovem vocação para as Letras: traduziu escritores românticos estrangeiros, como Schiller ou Chateaubriand, escreveu poesia, conheceu Castilho e frequentou os salões da marquesa de Alorna. Com 21 anos, envolve-se numa conspiração contra o regime absoluto de D. Miguel e tem de se exilar, primeiro em Inglaterra e depois em França. Regressou a Portugal como soldado da expedição de D. Pedro e tomou parte em combates e acções militares na guerra anti-absolutista. Organizou a biblioteca pública do Porto com fundos retirados das bibliotecas monásticas ou miguelistas. Em 1837, regressado a Lisboa, dirige O Panorama, semanário enciclopédico ilustrado dirigido a um vasto público. Herculano foi, de facto, um dos homens mais populares e afamados da sua época. Foi ainda director das bibliotecas dos Palácios das Necessidades e da Ajuda. Grande mentor do movimento político-militar de Abril-Maio de 1851, que ficou conhecido pela Regeneração, incompatibiliza-se depois com o governo que saiu desse movimento e desenvolve uma intensa actividade polémica com o referido ministério. No final da década de 60, um pouco por vocação e muito por desilusão com as práticas governativas, retira-se para a sua herdade de Vale de Lobos, em Santarém, onde viveu muito camponesmente, vestido à lavrador e absorvido nas coisas agrícolas, recusando todas as distinções honorificas que lhe foram oferecidas.



Fernão Mendes Pinto (1510-1583)

Viajante, aventureiro e escritor, é o autor de Peregrinação, um dos livros de viagens mais interessantes da literatura mundial. Nasceu em Montemor-o-Velho, mas cedo foi para Lisboa. Aqui, serviu na casa do duque D. Jorge, filho de D. João II, até que, ansioso por fazer fortuna, em 1537 embarcou para a Índia. Manteve-se vinte anos no Oriente, correndo mares e costas desde a Arábia até ao Japão. Teve uma vida prodigiosa e dramaticamente agitada, sendo, como ele mesmo diz, “treze vezes cativo e dezassete vendido”. Foi dos primeiros europeus a desembarcar no arquipélago nipónico, onde conheceu S. Francisco Xavier. Impressionado pela personalidade do célebre missionário, decidiu, pouco depois da morte dele (1552), e quando se encontrava no auge da riqueza, entrar na Companhia de Jesus e promover uma missão ao Japão, em que participou: Por razões desconhecidas, saiu depois da Ordem, deixando nela a maior parte dos seus bens. Regressado a Portugal em 1558, fixou residência em Almada, obteve uma tença de Filipe II e escreveu de memória o grande relato das suas viagens, que só veio a ser publicado em 1614, mais de vinte anos depois da sua morte. Mas não tardou muito a ser traduzido para espanhol, francês, holandês, alemão e outras línguas. A heterogeneidade da narrativa não diminui a sua força representativa e o interesse perene que tem mantido até aos nossos dias.



Gomes Eanes de Azurara (1410-1474)

Guarda-mor da Torre do Tombo, é o autor de Crónica da Tomada de Ceuta (1451) e Crónica dos Feitos da Guiné (1453), bem como do Livro dos Feitos do Infante D. Henrique, da Crónica de D. Pedro de Meneses e da Crónica de D. Duarte de Meneses. A obra de Zurara (como também é grafado o seu nome) é, sobretudo, panegírica de grandes personalidades da nobreza, visando enaltecer os sucessos militares de uma aristocracia guerreira. A dinâmica da sociedade, os sentimentos e as acções da “arraia-miúda” raramente estão presentes nos seus textos, concentrando-se antes em alargar o conceito de honra cavaleiresca cotejando-a com a função do escritor que perpetua os feitos heróicos dos guerreiros.

Das quatro crónicas conhecidas, a mais interessante é a primeira, a Tomada de Ceuta, em que assistimos às discussões entre as personagens biografadas e à descrição do trabalho dos mesteirais e dos mercadores que armavam os barcos e reuniam as provisões na margem do Tejo. No entanto, o recurso à retórica erudita, pela citação constante de autores gregos e latinos e o confronto da história coeva com personalidades e acontecimentos da Antiguidade, fazem de (A)Zurara um prenunciador do Renascimento.



Dados Técnicos:

Obliterações do 1º dia em: Lisboa / Porto / Funchal / Ponta Delgada

Emissão: 2010 / 04 / 22

Selos:

€ 0,32 – 230 000

€ 0,32 – 230 000

€ 0,32 – 230 000

€ 0,32 – 230 000

Ilustrações: Luís Filipe de Abreu

Papel: 110g / m2

Formato:

Selos : 40 x 30,6 mm

Picotagem: 13 x Cruz de Cristo

Impressão: offset

Impressor: INCM

Folhas: 50 ex.

Sobrescritos de 1º dia: C6 – € 0,55

Pagela: € 0,70
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