quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Sobrescrito 1º Dia (FDC) 200 Anos da Chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil


 22-Jan-2008

200 Anos da Chegada da Família Real ao Brasil


"Ninguém sabe ao certo quantos milhares de portugueses embarcaram em Lisboa a caminho do Brasil no dia 27 de Novembro de 1807, acompanhando a rainha D. Maria I e o príncipe regente D. João numa viagem pioneira do continente europeu para o americano. A decisão de transferir a corte para o Brasil, após intensas conversações secretas luso-britânicas, fora tomada a 22 de Outubro. Pouco depois, a 27 do mesmo mês, em Fontainebleau, franceses e espanhóis decidem a partilha de Portugal. Os acontecimentos precipitam-se e Carlos IV, de Espanha, será forçado a abdicar no seu filho, Fernando VII, ao mesmo tempo que a família real portuguesa se instala no Rio de Janeiro, salvando a soberania nacional. Pouco mais de dois meses depois, em Maio de 1808, um irmão do imperador francês ocupará o trono de Espanha.
As tropas invasoras entraram em Portugal a 17 de Novembro, por Segura, e começaram a chegar a conta-gotas a Lisboa, famintas e andrajosas, no dia 30. Mais de meia centena de navios portugueses e a armada britânica de escolta, comandada por Sidney Smith, navegavam já desde a véspera no Atlântico, após uma pausa na barra, a 28, aguardando condições de navegabilidade. O decreto de embarque, assinado pelo príncipe regente a 26 de Novembro, estava cumprido.
No mês de Dezembro, os ingleses, sob o comando de Beresford, desembarcam no Funchal e ocupam a Madeira. Milhares de portugueses navegavam a caminho do Brasil.

Em Fevereiro de 1808, Junot dissolve a Junta Governativa nomeada pelo príncipe regente, substituindo-a por um Conselho de Governo. O confisco dos bens da Casa de Bragança e o fim da dinastia em nome do imperador são também cumpridos.
A 30 de Agosto desse ano, ingleses e franceses, sem intervenção portuguesa, assinam a Convenção de Sintra, e as tropas francesas abandonam o país, em Setembro, não sem que antes tenham saqueado inúmeros bens e provocado uma verdadeira carnificina em diversas cidades.

Em meados de Janeiro, após uma calmaria, D. João previne a escolta inglesa da sua decisão de rumar para Salvador, onde desembarcará, com a pompa possível, a 23 desse mês, acompanhado da rainha mãe e da mulher, Carlota Joaquina. Pela primeira vez, a América e a primeira capital do Brasil recebiam uma família real e, com ela, mais de mil portugueses. Entretanto, a parte da frota que deliberadamente seguiu para o Rio de Janeiro irá aí fundear a 17 de Janeiro.
Em Salvador, o príncipe regente decretará, a 28 de Janeiro, a abertura dos portos brasileiros às nações amigas e criará a Escola Médico-Cirúrgica, que hoje funciona como Faculdade de Medicina.
Em Portugal, no início do Verão de 1808, um pouco por todo o lado, há levantamentos anti-franceses, constituindo-se nessa altura inúmeras juntas governativas que procurarão salvaguardar a administração pública, sempre em nome do príncipe regente.
Soult, em 1809, e Massena, em 1810, invadirão um país destroçado pela fome e pela guerra, mas ambos serão forçados a recuar, ficando-se o primeiro pelo norte do Douro e o segundo aquém das linhas de Torres Vedras. No Brasil, o príncipe regente manda ocupar a Guiana Francesa e, em Fevereiro de 1810, são assinados os Tratados de Comércio e Navegação e o de Aliança e Amizade com a Grã-Bretanha.
No Brasil, a corte instala-se, a 11 de Março. O príncipe regente nomeia o seu governo e põe em marcha a máquina administrativa criando, no mês seguinte, o Conselho Superior Militar.
D. João prepara-se para ficar no Brasil.
O abundante espólio embarcado em Lisboa será organizado ao longo dos meses seguintes. A Imprensa Nacional, o Jardim Botânico, a Biblioteca Régia são algumas das instituições que beneficiarão o Rio de Janeiro. Em Junho 1808, inicia-se em Portugal a luta contra os franceses e proliferam as juntas nascidas da revolta no início do Verão de 1808.
Em 1814, Napoleão abdica do trono de França.
Em 16 de Novembro de 1815, é criado o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
A rainha D. Maria I morre em Junho de 1816.
Em 1818, D. João é aclamado Rei, o primeiro na América.
Em Portugal, desde a segunda metade de 1808 com o novo Conselho de Regência e, a partir de 1816, com poderes acrescidos dados pelo ainda príncipe regente, o Marechal Beresford governa. Voltará ao Brasil em Abril de 1820, onde é apanhado pela Revolução do Porto, não regressando a Portugal. A política portuguesa, altera-se. O rei, ainda no Brasil, jura a inexistente constituição de 1822. A 3 de Julho de 1821, D. João VI desembarca no Cais das Colunas. Em breve os ventos liberais soprarão em Portugal e no Brasil."

Rui Rasquilho in http://www2.ctt.pt

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